13 de junho, Santo Antônio, Exu e Ogum
Por: Pai Alexandre Falasco

Encontro de Caminhos na Fé Brasileira
Santo Antônio de Pádua é conhecido por muita gente como o "santo casamenteiro", aquele que ajuda nas causas urgentes e defende os mais pobres. Mas no Brasil, a história dele vai além do que se vê nas igrejas. Em várias partes do país, ele é também associado a orixás das religiões afro-brasileiras, como Exu, em São Paulo, e Ogum, na Bahia.
Um santo popular com muitos papéis
Nascido em Portugal entre 1195 e 1231, Santo Antônio foi um frade franciscano famoso por sua inteligência, jeito cativante e pelos milagres que se tornaram conhecidos em vários lugares. A fama de ?resolver o impossível? fez dele um dos santos mais queridos do catolicismo.
Em São Paulo: o diálogo entre Santo Antônio e Exu
Nos terreiros de Umbanda, principalmente em São Paulo, Santo Antônio é muitas vezes ligado a Exu, o orixá que cuida dos caminhos e da comunicação. E essa associação não é por acaso. Os dois têm muito em comum:
> Fala e conexão: Exu é o mensageiro entre o mundo espiritual e o material. Já Santo Antônio era conhecido por sua habilidade de falar com o coração das pessoas, com discursos tocantes e cheios de fé.
> Ajuda prática: Tanto Santo Antônio quanto Exu são procurados quando alguém precisa resolver problemas amorosos, abrir caminhos na vida ou lidar com questões do dia a dia.
Na Bahia: o santo guerreiro que conversa com Ogum
Já na Bahia, a relação mais forte é entre Santo Antônio e Ogum, especialmente na forma de Ogum Xoroquê, um orixá ligado ao ferro, à força e à luta.
E tem um motivo histórico pra isso: desde o século XVII, a imagem de Santo Antônio no Forte da Barra, em Salvador, recebeu patente militar. Ele foi reconhecido oficialmente como soldado, depois promovido a capitão em 1705, major em 1810 e até tenente-coronel em 1814, com salário pago pelo governo ao convento franciscano onde estava sua imagem.
Ou seja, Santo Antônio virou mesmo uma figura militar em Salvador ? com farda e tudo, mesmo que simbólica. Essa história reforça muito sua ligação com Ogum, que é justamente o orixá guerreiro, senhor das batalhas, do ferro e da proteção.
O sincretismo entre Santo Antônio, Exu e Ogum é uma das expressões mais ricas da religiosidade brasileira. Ele revela a criatividade de um povo sofrido e escravizado que adapta símbolos e práticas conforme suas vivências e as necessidades da época, sem perder a profundidade dessa relação.