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Olubajé, entenda o ritual.

Olubajé, entenda o ritual.

Pai Alexandre Falasco fala sobre os fundamentos desse rito.

Por Pai Alexandre Falasco

Magia e mistério nunca andaram tão juntos numa das giras que mais transparece a ligação com as raízes ancestrais desta nossa Umbanda de Barracão.

O Olubajé é uma homenagem ritual ao Orixá Obaluaê (Omulú quando na forma mais velha), não se trata de uma festa e sim de um rito muito especial ao Orixá das pestes e doenças.

Por falar nisso, é bom lembrar que para Obaluaê não se pede saúde, ele não a traz, sim se pede para que Ele leve as doenças embora, o que sabemos é praticamente a mesma coisa, porém é a forma correta de se pedir, de orar para Obaluaê, pois precisamos entender os fundamentos e Obaluaê é o Orixá da doença e não da saúde.

No Barracão de Pai José de Aruanda realizamos o Olubajé neste mês, pois o sincretismo deste Orixá é com o santo São Roque (comemorado em 16 de agosto).

Os trabalhos se iniciam com os enfeites no barracão, onde todos os filhos participam na confecção dos fios de pipocas, sendo orientados para pedir que Obaluaê leve as doenças embora enquanto enfiam a pipoca no fio, quase um rosário que já é parte do rito, e no terreiro a união de todas essas “rezas” se transformam numa imensa cobertura de pipocas que lembra uma das lendas do Orixá, um Itã que é lido pela Mãe Silmara ano após ano, lembrando o dia mítico em que Obaluaê teve suas chagas transformadas em pipoca por Iansã, que se espalharam brancas pelo barracão (por isso o Barracão fica coberto por enfeites assim).


Um dia antes do Olubajé, os filhos de Obaluaê do Barracão, recebem o Doburú, um rito de preparação celebrado pelo Pai de Santo para que estes tenham mais proteção para a hora da incorporação dos mensageiros de Obaluaê. No Barracão de Pai José, somente quem tem o Orixá na coroa pode receber seus mensageiros.

Tudo isso revela a grande importância do Orixá na estrutura religiosa da casa, e no dia do Olubajé, seus filhos então recebem a visita mágica destes mensageiros. Vestidos com suas roupas de palha e dançando pelo recinto, estes espíritos, diferentemente das outras giras de Umbanda, não falam, apenas dançam e lançam seu axé, “lembrando” muito o que acontece nos terreiros de candomblé, revelando essa influência na nossa Umbanda.

Na África Obàlúwàiyé significa rei e senhor da terra, Oba (rei) aiyê (terra), e no Brasil seu nome pode ser encontrado de muitas maneiras, Obaluaiyê, Obaluaê, Xapanã, Omolu, entre outros.

O caminho dos nomes que vem do yorubá pode confundir, podemos então simplificar assim: Obaluaê = Nome do Orixá / Olubajé = rito anual para Obaluaê / Doburú = Rito de preparo que precede o Olubajé (com oferenda de pipoca com dendê).

Assim como Iansã, Obaluaê tem domínio sobre os mortos, seu campo de atuação é o cemitério, suas contas são nas cores pretas, vermelhas e brancas, suas velas pretas e brancas, e sua oferenda é a pipoca com azeite de dendê que leva o mesmo nome do rito de preparação, doburú. Mulheres devem render culto usando saias de renda, nunca calças. O Orixá só incorpora nos filhos que estão vestindo a roupa de palha, pois não gostam de mostrar sua aparência.

Fique com as imagens dos enfeites de um desses ritos feitos pelos filhos do Barracão de Pai José. Fotos Silmara Falasco.

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